terça-feira, 21 de junho de 2011

Pós-tempo

Um excesso de carros
Um excesso de motores
De máquinas
De baulho...

Acabou o tempo do deus autómato
Agora que o próprio autómato é o homem
E que consigo tudo
E que tenho tudo

Mas todos querem o que quero
E todos conseguem o que alcanço

Fujo do universal
Vejo-me em cada esquina
Reconheço-me em cada sonho
Não quero mais isto!
Quero sair desta massa somada de indivíduos
E construir um manufacturado e artesanal eu

Há excesso de conhecimento
Há excesso de personalidade
Há excesso de certeza
Há excesso de tudo!

Este tempo em que o Homem se tornou homem faz dores de cabeça...
É desesperante
Este tempo em que a História são as histórias
E o povo são os vilões heróis

Quero ser nada no muito
Dissolver-me num infinito e ser-me com outros.

(Fica assim justificada a nostalgia dos tempos outros que não conheci)