1. Descansar a poesia durante uns tempos. Uma pausa é o melhor a fazer quando nos deixamos de sentir minimamente originais.
2. Dedicar-me à prosa, não só por vontade própria como a pedido de várias famílias.
Segue-se o pequeno texto de transição.
__________________________________________________________________
Cansei-me de escrever
__________________________________________________________________
Fartei-me.
[E que forma tão original de começar
isto, sendo isto qualquer coisa que virá a ser ou que promete ser, se algo
promete.]
Cansei-me, exauri-me… Não
metaforicamente falando, com nem sequer um único pingo de ironia, remetendo-me
à pura constatação dos factos sensórios: sempre que escrevo enjoo.
Não enjoo o acto em si, não enjoo o deus
do acto, a que chamam literatura, não enjoo os objectivos… enjoo o meu estilo
de escrita, ou falta dele; as gastas e enfadonhas expressões a que recorro, e
se não as escrevi antes já as pensei tantas vezes que me parecem lugares
comuns; da minha falta de rumo, parecendo que só sei escrever se não tiver
objectivo ou tema, assim como um vómito de palavras tortas que de escrever
direito não têm nada; canso a falta de vocabulário e a insistência ou tendência
natural para utilizar a primeira pessoa, e esta se não gramatical pelo menos
intencional.
A solução é simples dirão, e também eu o
disse: deixa de escrever. Deixei.
Como diz o povo saiu-me o tiro pela
culatra e há falta de enjoos vieram as horas desesperadamente vazias a
contrastar com as outras desesperadamente preenchidas de dúvidas da existência.
Perdeu-se-me o equilíbrio.
Pois ora aqui estou a escrever.
Decidi-me a escrever o que sai da máquina que escreve na minha cabeça, a seguir
o que me manda essa máquina e a não querer saber. Acima de tudo, a não querer
saber. Portanto, perante algum problema caro leitor deposite as culpas nessa
dita máquina.