sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Chuva


Adoro dias assim.
Adoro chuva.
Nunca percebi porquê. Hoje sei. A chuva vem e lava as preocupações, deixa o pensar mais claro e limpo. Apaga a poeira e os limites e deixa-me sonhar livremente.
Transporta-me por aí, por onde quero, por todo o lado.
E o belo cantar da chuva enche os meus ouvidos por inteiro, abafa os ruídos, faz esquecer o que é a mais.
E no silêncio do que não interessa a alma fica leve e os cantos da boca elevam-se. O som da chuva faz-me sorrir por retirar o peso do excesso do dia-a-dia.
E a visão da água, das gotas enfileiradas, seguidas e rápidas faz-me sentir em casa. E os meus olhos misturam-se com as gotas pelo reconhecimento do lar.
E as cores são mais belas, mais intensas, mais puras. A luz ilumina de outro modo e o mundo deixa de ser uma impressão para ser algo mais concreto cuja contemplação se merece prolongar num tempo que não cansa.
Quando chove permito-me parar. Parar a olhar, a ouvir, a sentir.
A chuva deixa-me ser quem sou sem fronteiras, deixa-me abrir a janela, saltar dela e dançar em rodopios sem gravidade que me pare ou limite.
A chuva deixa-me sonhar sem culpa. 


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Quando eu estiver triste não digas nada. Abraça-me.


Quando eu estiver triste não digas nada.
Abraça-me.

Nada dirás
Que já não tenha ouvido
De tantos outros
Nos filmes e nos livros
Da minha própria boca

Quando estou triste não suporto
O pensar apenas
Das palavras que já disse, pensei ou senti

Por isso se me vires triste nada digas, abraça-me só.

A tristeza enche-me de palavras
Que não consigo esquecer
Que recalco mas ressurgem
Que cansam.

Não me canses amigo quando triste me vires.
Dá-me um abraço.

E quando acordo no sufoco de um pesadelo,
De noite ou de dia,
Não há momento em que despreze mais as palavras,
Por isso envolve-me apenas nos teus braços.
Com força, para as ideias não se conseguirem mexer. 

domingo, 2 de setembro de 2012

Estrela-do-mar


Tão só…

Tímida e escondida
De sainha rodada
Bela e rosada
Mas tão só

E ao lado dela outras tantas
Dir-se-ia acompanhada
Corada e enamorada
Mas tão só

E no ritmo das ondas
No correr das marés
Vai dançando sem ter pés
Mas tão só

E se por acaso se aventura
Ou vive uma loucura
É mãe sem saber
E tão só
Dá vida sem conhecer
Por perder parte de si
E dança ainda assim
Mas tão só…