"Inventei uma expressão que acho bonita: escrever na infinita página. E é essa a sensação: ao mesmo tempo que se estão escrevendo nessa página as palavras que escrevo, outras, muitas, por toda a parte, estão a ser escritas."
Jornal de Letras, 5 de Novembro de 2008
quinta-feira, 24 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Hoje o futuro sofreu uma grande perda
A azáfama que é andar num transporte público...
Um ainda existente troleicarro...
Um toque... dois...
Eu soube assim.
Não nomearam, não clarificaram a situação.
Eu soube.
Não no céu (quem não tem religião não vai para lá)
Não aqui... ou aqui?
Talvez agora se arrependam os que em vida te vedaram a liberdade.
Agora toda a liberdade será tua... sua...
Agora de regresso à terra de onde sempre foste o mais verdadeiro.
Agora a cegueira pode acabar. Pena que só agora.
Agora correrão dedos ansioso pelas linhas escritas mais do que nunca.
Agora saltarão moedas dos bolsos para pagar a literatura como nunca.
Agora te verão melhor do que nunca. Pena que só agora.
Mas estás cá! No presente. O presente não te perdeu.
O futuro também não perderá pois estarás cá, sempre.
Perderá ainda assim o futuro, pelo que tinhas e não soltaste para o papel.
Mas estás cá! A tua eternidade está garantida!
Obrigado!
Aproveita agora a tua merecida liberdade!
Agora, que estás cá.
Um ainda existente troleicarro...
Um toque... dois...
Eu soube assim.
Não nomearam, não clarificaram a situação.
Eu soube.
Não no céu (quem não tem religião não vai para lá)
Não aqui... ou aqui?
Talvez agora se arrependam os que em vida te vedaram a liberdade.
Agora toda a liberdade será tua... sua...
Agora de regresso à terra de onde sempre foste o mais verdadeiro.
Agora a cegueira pode acabar. Pena que só agora.
Agora correrão dedos ansioso pelas linhas escritas mais do que nunca.
Agora saltarão moedas dos bolsos para pagar a literatura como nunca.
Agora te verão melhor do que nunca. Pena que só agora.
Mas estás cá! No presente. O presente não te perdeu.
O futuro também não perderá pois estarás cá, sempre.
Perderá ainda assim o futuro, pelo que tinhas e não soltaste para o papel.
Mas estás cá! A tua eternidade está garantida!
Obrigado!
Aproveita agora a tua merecida liberdade!
Agora, que estás cá.
domingo, 13 de junho de 2010
Aniversário de Pessoa
Neste dia, 13 de
Junho de 2010, contam-se 122 anos passados desde o nascimento do Poeta
dos Poetas.
Tentando
voltar a festejar o dia dos seus anos fica aqui o poema Aniversário
(uma escolha óbvia mas inevitável), do meu Pessoa predilecto: Álvaro de
Campos.
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Aniversário
No tempo em
que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
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