sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Chuva


Adoro dias assim.
Adoro chuva.
Nunca percebi porquê. Hoje sei. A chuva vem e lava as preocupações, deixa o pensar mais claro e limpo. Apaga a poeira e os limites e deixa-me sonhar livremente.
Transporta-me por aí, por onde quero, por todo o lado.
E o belo cantar da chuva enche os meus ouvidos por inteiro, abafa os ruídos, faz esquecer o que é a mais.
E no silêncio do que não interessa a alma fica leve e os cantos da boca elevam-se. O som da chuva faz-me sorrir por retirar o peso do excesso do dia-a-dia.
E a visão da água, das gotas enfileiradas, seguidas e rápidas faz-me sentir em casa. E os meus olhos misturam-se com as gotas pelo reconhecimento do lar.
E as cores são mais belas, mais intensas, mais puras. A luz ilumina de outro modo e o mundo deixa de ser uma impressão para ser algo mais concreto cuja contemplação se merece prolongar num tempo que não cansa.
Quando chove permito-me parar. Parar a olhar, a ouvir, a sentir.
A chuva deixa-me ser quem sou sem fronteiras, deixa-me abrir a janela, saltar dela e dançar em rodopios sem gravidade que me pare ou limite.
A chuva deixa-me sonhar sem culpa. 


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