Um excesso de carros
Um excesso de motores
De máquinas
De baulho...
Acabou o tempo do deus autómato
Agora que o próprio autómato é o homem
E que consigo tudo
E que tenho tudo
Mas todos querem o que quero
E todos conseguem o que alcanço
Fujo do universal
Vejo-me em cada esquina
Reconheço-me em cada sonho
Não quero mais isto!
Quero sair desta massa somada de indivíduos
E construir um manufacturado e artesanal eu
Há excesso de conhecimento
Há excesso de personalidade
Há excesso de certeza
Há excesso de tudo!
Este tempo em que o Homem se tornou homem faz dores de cabeça...
É desesperante
Este tempo em que a História são as histórias
E o povo são os vilões heróis
Quero ser nada no muito
Dissolver-me num infinito e ser-me com outros.
(Fica assim justificada a nostalgia dos tempos outros que não conheci)
terça-feira, 21 de junho de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Viva Portugal!
Sempre vivemos na nostalgia do passado. No sonho de uma
idade de ouro… que foi, não é e pensar no futuro nem sequer é uma hipótese
válida.
Da realidade do passado apenas sabemos que era melhor, muito
melhor, feito de gentes e vontades como as não há hoje. Do passado não se vêm
erros nem se retiram lições… naquele tempo é que era! Toda a nossa força e
raça! Fomos grandes! Somos grandes, ostentando as vitoriosas bandeiras de
outrora! Se olhássemos bem talvez verificássemos que apenas ostentamos hastes
carunchosas e destruídas pelos parasitas em que nos tornámos.
Como estamos agora afinal? Mal muito mal! Não há justiça,
porque se estou mal ainda há quem esteja bem… era tirar-lhes tudo e ficar eu
com tudo!
Essa é a nossa noção de justiça: só criticamos a
desigualdade enquanto a balança não pende a nosso favor… Se tiver eu tudo,
porque mereço, porque sou mais pobre e humilde que todos os outros, porque me
esforcei mais, porque tenho família, porque… ah! Se eu estiver bem mais vale
deixar-me no meu confortável lugar, não vá o diabo tecê-las e lança-las, ou
desfiá-las e deixar-me sem roupa, ou simplesmente puxar o tapete sob os meus
pés. Com o diabo não se brinca!
Em todo e qualquer caso, mesmo se o tapete não é persa, ou
se foi roubado, se é pequeno ou gasto, o melhor será deixar-me estar: sei como
estou agora e o que vier ainda pode ser pior… o melhor é deixar-me estar…
Do futuro só sabemos e só queremos saber que poderá ser pior
do que agora. Portanto, o melhor é ter cautela e manter as coisas pelo menos
como agora. “Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, “quem tudo quer
tudo perde”… a ambição é crime, é defeito! Mesmo que apenas se ambicione um
melhor amanhã para os que virão. Não, quando os de amanhã chegarem eles que se
desenrasquem que ainda devem estar pior que eu! Mas vou morrer e vou, mais vale
viver a vidinha no tapetinho e nem pensar em pôr os pés fora dele!
Ah! Mas nós somos nação e pátria grande! Ninguém é melhor!
Se não fossem os árbitros e as más escolhas de seleccionadores era tudo nosso!
E a gora que ninguém para o Benfica, nem o Porto… o Sporting vai andando mais
fraquito mas sempre temos o outro, o de Braga!
E sabem o que me está mesmo a alegrar? Este sol, este tempo
e a Páscoa aí à porta… Está mesmo de feição para um treino no Algarve para as
férias de Verão. Só tenho de pedir um crédito miraculoso a uma das muitas
Santíssimas Donas Brancas milagreiras que por aí andam. Se não fossem elas…
assim sempre sou pobre mas feliz! Não importa ser pobre desde que se pareça
rico e se vá tendo uma vidinha com estas coisas… afinal é o que levamos daqui!
Se os de amanhã não tiverem nada para levar também não importa, desde que me
deixem ir ao Algarve beber cerveja e comer conquilhas.
Mas não somos só futebol e praia! Não esqueçamos as glórias
desta nobre praia lusitana! O Afonso Henriques, os Descobrimentos, o 25 de
Abril! Como nós não há outros!
Proponho senhores e senhora que ponham um pezinho devagar
devagarinho fora do tapetinho. Proponho que esqueçamos por um momento o que
fomos, que olhemos o agora e que agora façamos algo para os problemas de agora.
Por nós e pelos que virão. Se não houver outra motivação então que seja pelo
Afonso Henriques (que já deve estar a ficar arrependido de ter batido na mãe),
pelo D. Sebastião (que assim é que não volta mesmo) e para que os cravos
vermelhos não tenham sido colhido em vão.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Sufoco (poema)
Busco o ar,
Um ténue sopro que seja...
Movo-me frenéticamente
Desesperadamente procurando
E se abrir os olhos?
Vejo os limites, as saídas, os caminhos.
Precorro-os...
Tento mas os pés não descolam
Verifico as asas. Estão cá.
E se voar?
Olho céu...
Não o há.
Um pano pardo e sem cor,
Demasiado quente e ausente,
Uma miragem de paisagem desértica...
Um espelho que olho
De onde me olham...
Grito,
Não sai som.
Respiro fundo,
Não entra ar.
Um ténue sopro que seja...
Movo-me frenéticamente
Desesperadamente procurando
E se abrir os olhos?
Vejo os limites, as saídas, os caminhos.
Precorro-os...
Tento mas os pés não descolam
Verifico as asas. Estão cá.
E se voar?
Olho céu...
Não o há.
Um pano pardo e sem cor,
Demasiado quente e ausente,
Uma miragem de paisagem desértica...
Um espelho que olho
De onde me olham...
Grito,
Não sai som.
Respiro fundo,
Não entra ar.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Regressando à prosa...
Após uns meses de dedicação exclusiva à poesia tomei duas decisões:
1. Descansar a poesia durante uns tempos. Uma pausa é o melhor a fazer quando nos deixamos de sentir minimamente originais.
2. Dedicar-me à prosa, não só por vontade própria como a pedido de várias famílias.
Segue-se o pequeno texto de transição.
1. Descansar a poesia durante uns tempos. Uma pausa é o melhor a fazer quando nos deixamos de sentir minimamente originais.
2. Dedicar-me à prosa, não só por vontade própria como a pedido de várias famílias.
Segue-se o pequeno texto de transição.
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Cansei-me de escrever
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Fartei-me.
[E que forma tão original de começar
isto, sendo isto qualquer coisa que virá a ser ou que promete ser, se algo
promete.]
Cansei-me, exauri-me… Não
metaforicamente falando, com nem sequer um único pingo de ironia, remetendo-me
à pura constatação dos factos sensórios: sempre que escrevo enjoo.
Não enjoo o acto em si, não enjoo o deus
do acto, a que chamam literatura, não enjoo os objectivos… enjoo o meu estilo
de escrita, ou falta dele; as gastas e enfadonhas expressões a que recorro, e
se não as escrevi antes já as pensei tantas vezes que me parecem lugares
comuns; da minha falta de rumo, parecendo que só sei escrever se não tiver
objectivo ou tema, assim como um vómito de palavras tortas que de escrever
direito não têm nada; canso a falta de vocabulário e a insistência ou tendência
natural para utilizar a primeira pessoa, e esta se não gramatical pelo menos
intencional.
A solução é simples dirão, e também eu o
disse: deixa de escrever. Deixei.
Como diz o povo saiu-me o tiro pela
culatra e há falta de enjoos vieram as horas desesperadamente vazias a
contrastar com as outras desesperadamente preenchidas de dúvidas da existência.
Perdeu-se-me o equilíbrio.
Pois ora aqui estou a escrever.
Decidi-me a escrever o que sai da máquina que escreve na minha cabeça, a seguir
o que me manda essa máquina e a não querer saber. Acima de tudo, a não querer
saber. Portanto, perante algum problema caro leitor deposite as culpas nessa
dita máquina.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Balanço do lançamento
Caros amigos, nas últimas horas utilizei mais vezes uma palavra do que já a havia utilizado ao longo de 21 anos. Podia cansar-me... mas a verdade é que ela expressa rigorosamente e verdadeiramente o que sinto.
A todos os que foram ao lançamento, aos que queriam ir e não puderam, aos que me ajudaram a concretizá-lo, aos que de algum modo contribuíram para que nunca deixasse de escrever, à família, aos amigos, aos futuros amigos e à futura família: OBRIGADA!
Aproveito ainda para solicitar críticas! como disse ontem, a maior vantagem de ter algo publicado é poder receber críticas para através delas progredir.
Ficam aqui algumas fotos da fotógrafa de serviço: Catarina Costa.
Um até já!
A todos os que foram ao lançamento, aos que queriam ir e não puderam, aos que me ajudaram a concretizá-lo, aos que de algum modo contribuíram para que nunca deixasse de escrever, à família, aos amigos, aos futuros amigos e à futura família: OBRIGADA!
Aproveito ainda para solicitar críticas! como disse ontem, a maior vantagem de ter algo publicado é poder receber críticas para através delas progredir.
Ficam aqui algumas fotos da fotógrafa de serviço: Catarina Costa.
Um até já!
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Tudo e Nada - Lançamento de livro
Caros amigos,
O sonho tornou-se real! Vou lançar um livro de poesia.
Inicialmente uma compilação apressada, depois um algo mais coeso preenchido por novas criações... Resultou um Tudo e Nada. O paradoxo mais uma vez dominado o ser... o meu ser sem dúvida! Mas o ser de todo o homem. Ser humano é ser ilógico, confuso, paradoxal, contraditório... ser por natureza perdido e ter uma necessidade quase vital de se encontrar. Espero que alguém se encontre nas páginas que escrevi, é essa, de facto, a minha dedicatória e o meu maior anseio.
O lançamento do dito terá lugar no belíssimo Café de Santa Cruz em Coimbra, pelas 21h30, ao dia 22 de Fevereiro.
A presença de qualquer um que queira aparecer será uma honra!
Espero encontrar-te em breve.
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Por agora, o livro pode ser adquirido através dos seguintes meios:
- Internet (em formato clássico ou em Ebook)
- Corpos Livraria/Café
- Na sessão de lançamento
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