segunda-feira, 28 de março de 2011

Sufoco (poema)

Busco o ar,
Um ténue sopro que seja...

Movo-me frenéticamente
Desesperadamente procurando

E se abrir os olhos?

Vejo os limites, as saídas, os caminhos.
Precorro-os...
Tento mas os pés não descolam

Verifico as asas. Estão cá.
E se voar?

Olho céu...
Não o há.

Um pano pardo e sem cor,
Demasiado quente e ausente,
Uma miragem de paisagem desértica...
Um espelho que olho
De onde me olham...

Grito,
Não sai som.
Respiro fundo,
Não entra ar.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Regressando à prosa...

Após uns meses de dedicação exclusiva à poesia tomei duas decisões:
1. Descansar a poesia durante uns tempos. Uma pausa é o melhor a fazer quando nos deixamos de sentir minimamente originais.
2. Dedicar-me à prosa, não só por vontade própria como a pedido de várias famílias.

Segue-se o pequeno texto de transição.

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Cansei-me de escrever
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Fartei-me.

[E que forma tão original de começar isto, sendo isto qualquer coisa que virá a ser ou que promete ser, se algo promete.]

Cansei-me, exauri-me… Não metaforicamente falando, com nem sequer um único pingo de ironia, remetendo-me à pura constatação dos factos sensórios: sempre que escrevo enjoo.
Não enjoo o acto em si, não enjoo o deus do acto, a que chamam literatura, não enjoo os objectivos… enjoo o meu estilo de escrita, ou falta dele; as gastas e enfadonhas expressões a que recorro, e se não as escrevi antes já as pensei tantas vezes que me parecem lugares comuns; da minha falta de rumo, parecendo que só sei escrever se não tiver objectivo ou tema, assim como um vómito de palavras tortas que de escrever direito não têm nada; canso a falta de vocabulário e a insistência ou tendência natural para utilizar a primeira pessoa, e esta se não gramatical pelo menos intencional.
A solução é simples dirão, e também eu o disse: deixa de escrever. Deixei.
Como diz o povo saiu-me o tiro pela culatra e há falta de enjoos vieram as horas desesperadamente vazias a contrastar com as outras desesperadamente preenchidas de dúvidas da existência. Perdeu-se-me o equilíbrio.
Pois ora aqui estou a escrever. Decidi-me a escrever o que sai da máquina que escreve na minha cabeça, a seguir o que me manda essa máquina e a não querer saber. Acima de tudo, a não querer saber. Portanto, perante algum problema caro leitor deposite as culpas nessa dita máquina.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Balanço do lançamento

Caros amigos, nas últimas horas utilizei mais vezes uma palavra do que já a havia utilizado ao longo de 21 anos. Podia cansar-me... mas a verdade é que ela expressa rigorosamente e verdadeiramente o que sinto.

A todos os que foram ao lançamento, aos que queriam ir e não puderam, aos que me ajudaram a concretizá-lo, aos que de algum modo contribuíram para que nunca deixasse de escrever, à família, aos amigos, aos futuros amigos e à futura família: OBRIGADA!

Aproveito ainda para solicitar críticas! como disse ontem, a maior vantagem de ter algo publicado é poder receber críticas para através delas progredir.

Ficam aqui algumas fotos da fotógrafa de serviço: Catarina Costa.

Um até já!







sábado, 12 de fevereiro de 2011

Tudo e Nada - Lançamento de livro


Caros amigos,
O sonho tornou-se real! Vou lançar um livro de poesia.
Inicialmente uma compilação apressada, depois um algo mais coeso preenchido por novas criações... Resultou um Tudo e Nada. O paradoxo mais uma vez dominado o ser... o meu ser sem dúvida! Mas o ser de todo o homem. Ser humano é ser ilógico, confuso, paradoxal, contraditório... ser por natureza perdido e ter uma necessidade quase vital de se encontrar. Espero que alguém se encontre nas páginas que escrevi, é essa, de facto, a minha dedicatória e o meu maior anseio.
O lançamento do dito terá lugar no belíssimo Café de Santa Cruz em Coimbra, pelas 21h30, ao dia 22 de Fevereiro.
A presença de qualquer um que queira aparecer será uma honra!
Espero encontrar-te em breve.

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Por agora, o livro pode ser adquirido através dos seguintes meios:
  • Internet (em formato clássico ou em Ebook) 
  • Corpos Livraria/Café 
  • Na sessão de lançamento

Questão

Tudo e nada: o que cabe aqui?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sobre a infinita página...

   Após um período de ausência, regresso ao acto de teclar na infinita página. As razões da minha ausência foram todas e nenhumas, foram, no fundo, a queda na letal arma da criatividade preguiça e o não encontrar infinitos leitores na infinita teia.

   Mas, se são infinitas todas estas coisas, serão maiores do que consigo ver e mais longas do que conseguirei viver. Resta-me assim mostrar trabalho para que a minha finitude não comece antes que chegue ao fim.

   Penso agora que todo este infinito mundo ou teia será muito semelhante a um Deus, quer pela transcendência ás medições humanas e concretas da coisas, quer pela omnipresença, quer pela omnisciência, quer pela sua busca nas mais variadas situações. Ora veja caro(a) senhor(a): quando se sente só em quem busca conforto? Quando não conhece onde procura? Que fé recomenda aos outros quando estes estão sós ou não conhecem?

   Deixo agora de correr latim sobre a fé que rege o Mundo no tempo depois da WEB.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ainda no rescaldo... Saramago sobre a blogosfera

"Inventei uma expressão que acho bonita: escrever na infinita página. E é essa a sensação: ao mesmo tempo que se estão escrevendo nessa página as palavras que escrevo, outras, muitas, por toda a parte, estão a ser escritas."

Jornal de Letras, 5 de Novembro de 2008